Hipnose
Como eu poderia imaginar que minha vida fosse se complicar toda vez que eu respirasse?A olhando agora ela de frente pra mim, sinto que não nos conhecemos tão bem assim, nunca me aprovou, mas sempre deixou de me aprovar, seu olhar frio me arrepia sem que eu pare e perceba o quanto pareço ingênua. Nem parece que somos unidas do mesmo sangue e da mesma carne, minha mãe, se é assim que a devo chamar. Com tal ironia que completo os meus dias infelizes nesta casa, minha irmã é a única que conversa comigo de igual pra igual, mesmo assim ela não fica de nenhum lado, se esquiva para fugir de tanta confusão, eu compreendo ela.
Fui pega de surpresa, constrangida e diminuída pra falar sério. Nunca me imaginei grávida aos dezoito anos, graças ao bom DEUS, terminei meus estudos no colégio, mas não me vejo nessas condições em uma faculdade, não agora neste estado. Minha irmã foi a primeira pessoa a saber desta gravidez e lembro-me que quando eu contei isso á ela, se espantou e falou sem pensar para que eu viesse a abortar, sei que minha mãe me mataria, mas nunca pensei em fazer isso de tal forma que viesse a matar minha alma, recorri rapidamente para longe daqueles pensamentos. Ela insistiu em me procurar, e me disse em meu quarto sussurrando de leve para meus ouvidos:
- vai ter que contar a mamãe sobre esta gravidez, pois a barriga vai crescer rapidamente, passando de um mês para o outro. Será inevitável, quem é o pai dessa criança?
Eu engoli seco ao lembrar que o pai do meu filho era o ex- namorado dela, mas criei forças ao falar do meu romance, pois já fazia muito tempo:
- é o Nino...
Tremi ao terminar de falar aquele apelido, ela de inicio pareceu levar um choque, mas sorriu ao me fitar:
- conte comigo, vou te ajudar a falar com a mamãe.
Alice minha irmã pegou em uma das minhas mãos que suava de leve, eu derramei algumas lágrimas de desespero e a abracei contra o peito. De inicio achei que ela tivesse odiado, mas com o tempo recorreu a me ajudar todos os dias, me levando ao médico e mandando mensagens minhas para o meu Nino. Sempre fui covarde e sempre procurei fugir da verdade, mas não podia mentir por muito tempo, como meu pai era divorciado da minha mãe, me livrei da pressão dos olhos dele em mim e da raiva que ele iria sentir. Mãe solteira esse foi meu julgamento final ao ouvir minha mãe gritar em meu ouvido. Ela me rodeou enquanto eu chorava nos braços de minha irmã, me humilhou perante minha tia que vagamente nos visitava. Enquanto minhas lágrimas secavam em minhas mãos eu soava frio ao ouvi-la:
- como você pode fazer isso comigo?E como será sua vida daqui pra frente? Hem?
Ela falava como se eu soubesse responder, mas isso me feriu de tal forma que me imaginei em uma bolha mágica me protegendo de tudo e de todos, ela se calou por um instante, seu silencio era mais sombrio e distante de alcançar qualquer paz entre nós. Tentei respirar agora mais profundo, tentando aliviar minhas lágrimas ou talvez o peso da minha consciência, minha irmã se afastou de mim, e abraçou minha mãe que agora chorava, ela chorava por minha causa, então me senti a pior pessoa do mundo, constrangida diante da minha tia que resmungava me fitando:
-é não pensou antes de fazer, agora vai arcar com as conseqüências.
Como se ela soubesse o que é ser mãe, era uma mulher estéril sem alma também por me julgar, sei que não pensei, mas quando o amor me envolveu esqueci o tempo e estou pagando hoje o juros desse amor tão lindo que está se transformando em uma queda livre. Eu me ergui ao levantar da cadeira, e abri meus braços para amenizar o sofrimento de minha mãe, mas ela percebeu que eu me aproximava, então gritou tão alto que voltei a me deparar com o desespero:
- não se aproxime de mim, se esqueça que um dia teve uma mãe.
Eu não aguentei joguei todo aquele sufoco para fora:
- mais você nunca foi uma mãe presente na minha vida.
Um tapa estalou em meu rosto sem que eu percebesse a velocidade da raiva dela em mim, foi inevitável continuar a chorar, mas meus pés saíram dali como uma raposa para bem longe. Entrei em meu próprio esconderijo trancando-me o mais depressa que pude, e chorei até soluçar feita criança. Abracei meu travesseiro que tinha o perfume penetrante do Nino desde da ultima vez que estivemos nesta cama de solteiro, lembrei-me daquela cena envolvente e me questiono hoje se valeu a pena, penso que estou me desonrando a cada passo que dou. Alice entrou em meu quarto abrindo a porta devagar, me olhando com um olhar neutro se aproximou de mim se sentando na beira da minha cama:
- como está seu bebê?
Enxuguei minhas lágrimas rapidamente agora acariciando minha barriga de três meses:
- estou com medo, não quero ser como nossa mãe. O Nino precisa saber desta gravidez de uma vez por todas.
Me levantei da cama e olhei para fora da janela me debruçando um pouco mais para sentir o ar frio que me arrepiava, minha irmã falou me olhando furiosa:
- você não pode mentir para ele, escondendo esse filho. O Nino jamais iria te renegar...
Eu sussurrei fechando os olhos:
- eu sei...
Abri meus olhos novamente continuei a olhar o movimento das folhas da árvore que batia na janela do quarto ao lado de minha mãe, eu me ergui caminhei até minha prateleira de vidro fino me maquiando
- aonde você vai?
- eu vou contar a verdade para o Nino, falar do nosso filho...
Ela abriu um sorriso diferente ainda me olhando:
- a nossa mãe falou em casamento...
Fiquei furiosa ao ouvi-la e gritei bem alto:
- ninguém me obriga a nada.
Abri a porta do meu quarto e corri para fora daquela casa o mais rápido que pude, atravessei a rua para ir até o mercado aonde ele trabalhava caminhei um pouco até chegar, ao entrar vi uma garota de seios grandes acariciando o rosto sorridente dele para ela, fiquei em pânico, e gritei para que ele me visse:
- Ninoooooooooooo.
Queria chorar de raiva, mas nenhuma lágrima saiu, então sai correndo quando o ouvi gritar meu nome:
- Madalenaaaaaaaaaaaaaaaaa.
Pensei em tantas coisas enquanto corria que consegui mergulhar no abismo deixando a tristeza me invadir. Eu olhei para trás assim que alcancei a porta da minha casa, ele me observava da porta do mercado. Covarde nem para correr atrás de mim como nos filmes de romance foi capaz, abri a porta lentamente para não fazer barulho, mas foi em vão, pois minha mãe estava estirada de frente pra mim com um olhar de nojo:
- o que você foi fazer naquele mercado?
Respirei fundo para não parecer que eu morria de raiva dela:
- nada de mais...
Eu a rodeie para fugir novamente para dentro do meu quarto, mas ela falou num tom auto e claro:
- quero conversar com o Nino ainda está noite.
Eu paralisei minhas pernas de garça ao ouvi-la e disse sem rodeios:
- ele não sabe, não quero que saiba, não agora.
Minha mãe se aproximou de mim com sua fúria pegando no meu braço fino:
- por que você acha que ele não deve saber? Ele vai ser pai do seu filho e também seu esposo, acho que ele tem todo direito de saber.
Eu me tornei de repente uma pessoa egoísta ao resmungar:
- não, eu não planejei está gravidez, e não vou ser forçada a casar, eu amo ele, mas casamento nunca passou pela minha cabeça.
Ela me sacudiu pegando no meu outro braço, com um olhar mais frio do que o anterior:
- ou você casa ou vai morar com seu pai.
- meu pai?
Fiquei zonza, parecia que ela só queria o meu mal, então resolvi me soltar daquelas mãos quentes:
- por que você quer que eu me case? Para me divorciar depois de algum tempo? Acho que não, por que eu prefiro morar com o meu pai ao casar com um namorado que eu...
Gaguejei ao lembrar daquela cena do mercado, estava com raiva do Nino, engoli seco todas as outras palavras, e corri para meu quarto me trancando. Percebi que não estava sozinha minha irmã continuou lá em cima da cama me observando, com um olhar misterioso ela me questionou:
- o que pensa que está fazendo?
Eu fiquei irritada ao bater a porta do meu quarto bem forte, me aproximei da cama como se quisesse ouvir um conselho, Alice continuou:
- Você está exagerando, já parou para pensar no sofrimento da mamãe?Ela está imóvel esperando uma boa atitude sua, mas não se envolveu com um cara que nunca nem deu valor quando eu era a namorada dele, agora espera que ele de valor á você?
Eu a fitei confusa, será que ela ainda o amava? Eu a questionei ao abrir lentamente a minha boca:
- por que diz isso?
- porque conheço muito bem o Nino, e sei que ele nunca foi de me valorizar como eu merecia, foi por esse motivo que eu terminei com ele, mas tive a surpresa de saber que a minha irmã caçula está grávida dele. Não sei como te ajudar, ele é um galinha, e...
Ela parou de falar por um longo tempo, de repente a imagem daquela menina acariciando o rosto dele voltou a me assombrar, eu olhei para Alice sem esconder a minha preocupação:
- eu o vi com uma de suas amigas no mercado, ela estava acariciando o rosto dele.
Nem uma lágrima saiu de meus olhos, fiquei com muita raiva, Alice tocou minha barriga fechando seus olhos:
- quantos meses mesmo?
- três meses...
Sussurrei tranquila enquanto ela me acariciava:
- quem era a menina?
Meu coração acelerou de repente:
- eu não me lembro o nome dela, só sei que tinha seios grandes.
Minha irmã toda misteriosa abriu os olhos com um sorriso no rosto, eu a questionei ainda mais irritada:
- por que você está sorrindo? Ficou feliz com a minha desgraça?
Ela de imediato fechou a cara, me tranqüilizando:
- não lógico que não, é que eu lembrei o nome dela, é a Carol uma ruiva né?Pois então, eu terminei meu namoro na época com o Nino por causa dela, eles tiveram um romance e só pra você saber não converso com ela já algum tempo.
Arrepiei-me. Alice nunca tinha me contado aquilo, eu continuei atenta, mas fiquei com medo que minha mãe viesse a me chamar. Alice se levantou rapidamente tirando sua mão da minha barriga e andou até a janela um lugar aonde o vento era mais profundo. Ela continuou:
- O que você fez?
Ela me questionou ainda olhando para a rua deserta, eu mantive o bom senso:
- corri o que poderia ter feito?
Ela irritada se virou me encarando:
- oras deveria ter dado um tapa nela, o que está esperando?
Não estava compreendendo aquelas palavras, senti um arrepio diferente desta vez, minha irmã me puxou para perto da janela eu percebi que o céu estava se fechando para a noite, Alice com voz neutra disse:
- esta é a sua chance de acabar com ela, ela vai virar está esquina e depois vai entrar em sua rua sem saída, o que acha?
Aquelas palavras eram desafiadoras, pois vi Nino aos beijos com aquela menina de frente para a minha janela. Não sabia que ele era capaz de me trair, não deu para ver o rosto dele direito, mas fiquei cega de ódio e esperei ele sair de perto da menina e fui atrás dela.
Continua...
Entre a distância
Não acreditei quando recebi aquele telefonema, meu coração acelerou fiquei por um instante sem fôlego, parecia ter percorrido uma avenida sem automóvel. Ela com seu sorriso inundou e apertou minha esperança de reencontrá-la, parecia ser como no inicio quando a conheci, ela era a minha vizinha, eu sou três anos mais velho do que Beth , minha estranha e mais linda amante da vida.
Em minhas orações clamava à Deus pedindo algum sinal, por mais raro que fosse eu reconheceria. Beth me fitou pela primeira vez com seus olhos arregalados me intimidando, eu sorri para disfarçar minha timidez. Aquela foi minha primeira vez de tudo, tocar o lábio dela, tocar seu ombro e sua face foi um privilégio. Tinha treze anos quanto eu tinha dezesseis, minha primeira e única paixão, não serei hipócrita em dizer que nunca tinha beijado outras garotas, mas é que Beth é tão especial que não me incomodei de dizer que ela foi minha única paixão.
De repente minha vista escureceu, minhas pernas tremeram, mas consegui pedir ela em namoro para o seu pai que me fitava duvidando daquele gesto corajoso perante ele. Tive senso de humor com o coroa:
- somos jovens ainda, quero iniciar um namoro cedo.
Mas ele mudou seu olhar penetrando o meu de um jeito terrorista, fui um idiota em começar zoando. Aquela sala ficou minúscula para nós dois, ainda bem que Beth estava na aula de balé e não me veria apanhar de seu pai-herói. Ele não compreendeu minhas razões e muito menos meus sentimentos, me colocou no olho da rua deixando-me sem rumo. Fiquei sentado na calçada de frente á casa dele para esperar Beth, mas fui surpreendido com um balde cheio de água, não acreditei ao me ver todo encharcado, meus olhos furiosos permitiu encontrar o agressor e vi a babá do irmão mais novo de Beth sendo protegida pelo Sr. Bobi. Tive a impressão que ele não me queria ali, talvez longe da filha dele eu estaria mais seguro. Saí dali em disparada para a minha casa ao lado da dele com raiva, de não poder desafiar meu futuro sogro.
Tentei ter mais senso critico possível, mas não poderia dizer para Beth o quanto eu odiava o pai dela, relevei a minha intolerância para não magoá-la:
- quando você ficar mais velha seu pai talvez deixe você namorar com um maconheiro ou com um ricaço, mas antes que isso aconteça nós continuaremos namorando escondido.
Ela gostava de desafios, pois isso era tudo o que eu poderia oferecer para ela. Beth penetrou seus olhos meigos em mim e me beijou como da primeira vez, tocando a minha nuca como ninguém. Éramos feito um para o outro, continuamos nosso namoro secreto, longe da fúria do pai dela, todos os dias eu levava ela para a escola, era assim pela manhã, eu ia estudar em uma escola pública e assim que chegava, escovava os dentes colocava uma bala para refrescar o hálito e esperava Beth na esquina da Rua 10. Seu perfume invadia minhas narinas enlouquecendo-me, de repente eu me tornava alguém importante e sabia que meu dever era cuidar dela, minha única maldade era desejá-la todos os dias sem a permissão do coroa. Ela me envolveu com seu charme e foi tarde demais para eu tentar resistir aos seus encantos de menina.
Nunca deixei de dizer o quanto a amava fui cara de pau ao denunciar meu coração, sem que eu percebesse a profundidade do nosso amor, continuei a me declarar. Era uma noite chuvosa, estávamos foragidos de casa o dia inteiro ela cabulou e eu também, estávamos sentados no banco de um praça falida, pois nem os moradores de rua queriam aquele banco quase quebrado. Nós tínhamos acabado de fazer amor na minha casa, ela se entregou aos meus encantos e eu imaginei que seria para toda a vida, mas me enganei, enquanto nós nos beijávamos uma viatura passava e vieram ao nosso encontro, todos estavam á desesperadamente atrás da minha bela adormecida, o pai dela saiu do carro com um olhar de fúria para mim, me deu um tapa na nuca e ela me viu apanhar, gritou para que seu pai parasse, mas ele não parou eu apenas me defendia, pois a pior coisa seria se eu voasse para cima dele, Beth talvez jamais me perdoaria. Enquanto eu estava sendo vitima, um policial decidiu sair da viatura e foi ao nosso encontro e nos afastou.
Enquanto via-a sendo carregada nos braços de seu pai, eu me ajoelhava no chão cheio de barro e chorava quase gritando. Para falar sério, senti naquele momento que não nos veríamos mais, que aquele fosse nosso fim, nosso último dia juntos. E eu estava certo, pois no dia seguinte vi um caminhão de mudança parado em frente a casa dela, eu sai portão à fora e gritei o nome dela, mas ninguém me respondeu, um moço ajudante da mudança olhou para mim com olhar de piedade e disse:
- cara esquece essa família já estão em outra residência...
Eu não poderia ficar parado ali olhando a casa, meus olhos se encheram de lágrimas novamente como na noite passada. Ninguém para me consolar, nosso amor estava desmanchado. Depois daquele dia com certeza não me recuperei, comecei a frequentar bares e a fumar cigarro, pois a fumaça que saia do cigarro era a única companhia que não desgrudava de mim. Estava na fossa, me deixei ser levado pelo engano, comecei a achar que ela não me amava tanto assim, nenhum telefonema ou correspondência, nem ao menos o perfume dela fazia parte da minha vida somente as meras lembranças de como éramos loucos um pelo outro.
Meses depois minha mãe fez questão de me pagar um curso de espanhol, estava tirando dinheiro da minha poupança, para que eu viesse a me preocupar com outras coisas, até que gostei, mas me iludi ao achar que ela estava na Espanha, ao pensar que Deus estava me dando uma segunda chance para recomeçar com aquele sinal. Fiz espanhol, um curso de dezoito meses, estava até que falando bem, comecei a trabalhar em uma mecânica, já com meus dezoito anos, fase do exercito, mas minha chance de entrar era mínima já que eu era filho único e minha mãe dependia do meu salário. Fui me alistar, mas como disse antes não precisei servir, nem ao menos senti vontade. Buscava em uma pequena foto de Beth três por quatro, mais esperança. Doía todas as noites, pensar que vivia longe dela, nem a distancia, nem o tempo conseguiram acabar com esse amor. Era mês de Novembro, o mês do meu aniversário, faltavam cinco dias para que eu viesse a completar meus dezenove anos, o tempo era infalível para registrar todos os meus dias longe dela.
Na manhã do meu aniversário corri como sempre vazia para ver a minha correspondência, e lá estava duas cartas, uma era para a minha mãe e outra era da Beth, meu coração palpitou ainda mais forte, fiquei ali parado olhando aquele envelope, senti vontade de gritar, sair correndo extravasar, mas a única coisa que me deu vontade mesmo foi de abrir logo aquela carta e ler cada letra como se fossem únicas:
‘Querido Marcus...
Me perdoe por não ter lhe enviado nenhuma carta antes, é que meu pai me proibiu esse tempo todo de me comunicar com você, hoje é ele quem pede para eu fazer tudo o que tiver vontade, pois ele adoece em um dos melhores hospitais aqui na Espanha, sou eu quem cuido dele, meu irmão caçula não tem estomago para essas coisas. Queria poder dizer tantas coisas, mas seria impossível, não caberiam nesta folha de papel.. Daqui uns dias será o seu aniversário, mas acho que a carta chegará com atraso ou talvez no dia, não sei, Parabéns eu amo você, nunca esqueci do nosso amor, pois ainda dói saber que o destino foi contra, e que agora quem prevalece é a distancia de nossos corações.
Quero tanto te ver, mas nem sei se você pensa ainda em mim, como eu penso em você, tive oportunidades de namorar com um viciado e um rico, mas ignorei todos eles (risos). Eu quero você, nesses anos que passaram meu sentimento só aumentou, não posso largar meu pai para ir ao seu encontro, mas te darei uma esperança de um dia voltar, em breve quero estar em seus braços. Sei que tudo o que aconteceu foi por que éramos muito jovens, eu ainda sou, você que é meu idoso, querido e amado. Você é uma parte de mim que nunca morreu e nunca morrerá, se você estiver com outra pessoa, peço que me avise, para que eu não me iluda mais com o passado, pois quero você, mas se não puder ter, quero que siga a sua vida e seja plenamente feliz.
Obs: Marcus e Beth para todo o sempre, pois o amor não é apenas a união de dois corpos, mas sim um sentimento que nos ensina a amar além da distância.
Até mais meu querido amante da vida...
Muitas lágrimas molharam aquela folha de papel, mas nenhuma foi em vão, pois aquela carta aguçou ainda mais meus sentimentos alvoroçados, senti-me mais leve e muito feliz, pois nunca a esqueci, penso que iludi muitas garotinhas, mas nenhuma me fez tão bem quanto o amor de Beth. Eu analisei a carta dela novamente para dar inicio a minha carta que lhe enviarei de imediato:
‘ Olá meu amor...
Ainda estou á sua espera, jamais te esqueci apenas criei alguns vícios, mas vou parar com eles por este amor, estou trabalhando em uma mecânica, sei que o que recebo é pouco, mas juntarei dinheiro para ir ao seu encontro, quero te buscar, minha linda. Peço que agradeça seu pai, por ter me deixado ainda mais maduro, talvez ele fizesse tudo aquilo para te proteger, você realmente era muito novinha, éramos dois apaixonados para enxergarmos isso, mas não estou ligando para isso.
Estou muito angustiado por seu pai estar mal, peço a Deus de todo meu coração para que ele se cure, como posso odiar meu futuro sogro? Se amo a filha dele! Espero que você esteja bem, eu aprendi a falar Espanhol, segui a recomendação do Mestre e me preparei para ir ao seu encontro, choro hoje por ter te reencontrado e sei bem que a distância só prevaleceu minha vontade de te beijar e de te tocar minha princesa amada Beth.
Agradeço pelo contato acredite foi muito importante, recuperou o fogo de todos esses anos, avise seu pai que farei novamente o pedido e não sairei daí sem ele dizer que se orgulha do nosso amor, diga isso à ele, eu fico por aqui e agradeço mais uma vez pelos parabéns sei que foi de coração, acredite foi o melhor presente que recebi.
Eu te amo minha Beth...
Até.
Eu fui até uma papelaria e comprei selos, sei que estava angustiado, queria beijá-la, abraçá-la, mas tinha que esperar por longos meses, para conseguir o dinheiro. Enviei a minha carta para ela, estava ansioso para mostrar para a minha mãe a carta que Beth me mandará. Esperei a noite chegar, minha mãe chegou toda feliz do seu serviço com um bolo comprado do mercado e o colocou na mesa ela me deu um imenso beijo no rosto, enquanto eu pegava a carta de Beth no guarda roupa, e comecei a ler, percebi que minha mãe derramou algumas lágrimas espiã, mas em seguida disfarçou para não deixar evidente que amou aquele pequeno gesto.
Dois meses se passaram, estava já angustiado, queria mais dela, estava em dois empregos, precisava de recursos para viajar, novamente pela manhã, corri até minha correspondência e não tinha nenhuma carta, vi de longe o carteiro Jorge e ele me entregou uma caixa, assinei o recibo e foi embora continuando com seu serviço. Entrei na minha casa e sentei-me na cadeira, ao abrir vi dois envelopes logo abri a carta dela:
Caro Marcus...
Por favor, aceite, quero te ver estou morrendo de saudades, traga a sua mãe, no outro envelope está o cheque que meu pai fez questão de enviar, ai tem o suficiente para você vir ao meu encontro meu amor. Eu te amo!
Beth
Ao abrir o outro envelope não consegui acreditar, vi um valor altíssimo, tinha que agradecer meu sogro, fiz questão de pegar meu dinheiro da poupança que estava guardando para a viagem e investi em um par de aliança de compromisso. Tive a minha segunda chance para rever meu amor, não poderia negar esse presente maravilhoso do meu sogro, minha mãe estranhou, mas a convenci em me acompanhar até a Espanha. Na manhã seguinte, recebi um telefonema era ela minha linda e futura noiva.
- Alô... Marcus meu amor, estou morrendo de saudades, quando vocês vem?
Minha respiração ofegante disse tudo, mas pude dar início a uma conversa de saudades:
- minha linda, estarei arrumando minha mala ainda hoje, para embarcarmos na segunda logo pela manhã...
Diário de Jessica
‘ Boa noite querido diário, sei que está é a primeira vez que escrevo aqui, mas espero que possa escrever todos os dias. Minha mãe hoje me bateu, na verdade acho até que foi uma surra, fiquei com hematomas na coxa, eu odeio ela, só me bateu por que se sente no direito de ser chamada de Mãe, é só isso que ela sabe fazer, trabalhar igual uma doida e me da uma surra se faço algo de errado. Hoje ela chegou do trabalho por volta das sete horas, chutando tudo o que via pela frente, sentou no escritório e trabalhou um pouco mais, quando entrei fui pedir para ela me ajudar na lição de casa, mas ela só soube gritar comigo, então gritei com ela também dizendo absurdos, estava com raiva. Só vi o primeiro tapa depois ouvi os meus próprios berros, pois parecia que ela precisava descontar sua raiva em alguém, e eu é claro fui o alvo.
Estou um pouco cansada e com muita dor, sinto raiva dela, na verdade á odeio, quero sumir dessa casa, estive pensando em fugir, talvez seja essa a tal solução. Boa noite meu querido amigo, que consola minhas dores e lágrimas, amo cada folha que você possui, pois agora seremos um só.
‘ Bom dia querido diário, desculpe por ter me esquecido de fazer meus BO aqui, estive tão atarefada que acabei me distraindo com meu computador. Minha mãe me pediu desculpas hoje de manhã, pois é o meu aniversário, ela comprou um brinco de esmeralda para mim, eu é claro a perdoei e amei meu presente, mas já fui logo a intimidando, e disse-lhe para ela que nada daquilo poderia me comprar, ela chorou tanto que eu a perdoei. Já faz uma semana que os hematomas estão marcados na minha pele, choro todas as noites ao olhar meu corpo e lembrar de algo tão cruel, minha mãe comprou um bolo para cantar Parabéns, minha tia e meu tio vieram aqui, mas eu não falei muito, fiquei no canto da casa somente os observando, tive até que vestir meu moletom antigo, e suportar o calor calada.
Queria me mudar, sair dessa casa, desse estresse, pois deve ser isso que a faz tropeçar comigo. Sinto tanta falta do meu pai, da minha avó, mas só posso ver-los de quinzena, isso ta me matando. Não sou propriedade de ninguém, mas a minha mãe deve achar que eu só pertenço á ela, ser excluída da família não é legal, tem ocasiões que não posso ir por causa da minha mãe, o que posso fazer? Tenho apenas dezesseis anos, queria eu ter meus dezoito anos para sair sem dar noticias. Bom acho que é só isso, qualquer coisa volto á escrever, é tão chato querer algo e não ter.
‘ Olá querido diário, hoje é sábado, estou tão feliz, pois estou na casa da minha avó, ela me recebeu super bem, fez bolo de laranja pra mim e ainda comprou uma barra de chocolate enorme. Eu vi o Rodrigo, ele me deu um beijo tão gostoso na minha boca, hoje completamos três meses de namoro-secreto. Ele é tão lindo, digo sempre para ele que ele é meu japa quente, aliás, fervendo. Meu pai não vem hoje aqui, ele me ligou dizendo que a namorada dele estava muito doente, mas que amanhã ele veria me buscar para nós irmos ao play Center curtir pacas. To de boa agora, sem nada pra fazer, só sei que na segunda tenho que sair daqui bem cedo e vou direto para a escola, bom até lá tenho que me distrair antes de voltar para aquela casa.
Fico por aqui um beijão para cada página da minha vida, até.
‘Hoje só as lágrimas falam por mim, que droga é essa da minha vida, to de saco cheio de promessas, e de brigas, não agüento mais essa porcaria...
Boa Tarde querido diário, meu pai não foi me buscar no domingo como combinado, inventou que dormiu no hospital e que ficou cuidando daquela branquela azeda, minha avó ficou comigo assistindo TV, pois o Drico saiu com uns amigos, já que eu não estaria lá nem fiz questão. Assim que ,eu fui para a escola, uma garota idiota me ameaçou pela segunda vez, eu já disse que iria dar uma surra nela, mas parece que não adiantou. Eu contei para a minha avó assim que cheguei e ela ficou de conversar com o meu pai, mas o que eles podem fazer por mim?
Obs: (estes trechos do diário de Jessica foi retirado do livro: Hipnose, autora: Elisabeth Maranhão WZ)
Sombras das árvores
Estive pensando em me mudar para algum lugar frio e distante, mas não sei tenho medo de percorrer sozinha as grandes estradas sem direção, acho que desde quando perdi minha visão comecei a me limitar, isso não me faz bem, na verdade me deprime. Pensei em tantas coisas para sobreviver de um modo normal, mas não estou conseguindo me aprimorar, estou um tanto cansada, na verdade de saco cheio dessa vida que não me trouxe nada.
Hoje ainda na tarde deste domingo fiz um bolo, para a minha mãe e para meu pai que vieram me visitar, na verdade quem fez a metade de tudo foi a Vivian minha doce amiga, não a considero como uma empregada, pois ela sempre acaba fazendo além de seus deveres só para me ajudar. Meu pai no ano retrasado me deu um Labrador treinado, mas ele é muito bagunceiro terrivelmente lixeiro, fusa tudo, tem um habito estranho de bagunçar meu banheiro. Mas um grito bem alto silencia todo o pedaço deixando ele mais calmo e presente na minha sala cheia de solidão.
O apelidei de Jack já que não tenho nenhuma criatividade com nomes, usei o apelido do meu ex- marido que foi embora de casa depois do meu acidente me deixar cega. Acho que não era amor talvez não fosse pra ser pré-destinado. Tenho que reconhecer que antes sem cachorro minha vida era comum e parada, tudo fluía melhor, mas agora não saberia viver sem Jack, toda vez que pronuncio este apelido me dói pensar no passado, mas relevo já que Jack se acostumou. Vivian me ouviu gritar com Jack que não parava quieto, pude sentir de longe sua expressão mudar, ela se aproximou de mim com um sorriso mágico e me guiou até a poltrona, me sentei e fingi ar de cansada, com seu sorriso voltou a me tocar o ombro dizendo bem baixinho no pé do meu ouvido:
- até parece que você trabalhou muito...
Não poderia deixar quieto aquele ar de ironizo:
- quando enxergava trabalhei muito, mas agora estou descansando tudo que não descansei... Talvez eu tire férias e volte a trabalhar.
Vivian não poupou exageros de risos com certeza deveria estar me olhando neste exato momento para dar inicio a uma desgastante conversa:
- não é ao contrario? Você já está de férias agora tem que voltar a ativa, pode começar hoje se quiser.
Continua...
25/07/2008 á 25/07/2010 Nosso Amor Não tenho palavras para expressar tanto sentimento por um alguém que tanto esperei, chorava por solidão hoje choro quando meu amor vai embora. Sofro ainda com um até logo, ou um adeus despercebido em meia noite me escravizo em seus lábios só para você ficar um pouco mais a vontade. Quando percebo que a sexta – feira está chegando me preparo para não me fazer mal tanta ansiedade de logo no Sábado dormir bem juntinho de ti e te amar feito os filmes de romances. Quem poderia descrever tanta emoção? As minhas emoções? Se não o amor da minha vida!
O Beijo
Quebra - Cabeça
Me distrai por alguns segundos na direção das minhas mais loucas lembranças. Me vi de repente aos beijos com Jack meu ex, ele me acariciava com suas mãos quentes o corpo enquanto nós nos beijávamos, ainda consigo sentir o doce perfume dele, que incendiava minhas narinas levando-me a loucura. De repente ele parou de me beijar e percebi que lembrou de algo, talvez importante eu ainda não sabia, mas quando as palavras dele se juntaram aos meus ouvidos compreendi que ele queria assistir futebol, estava me trocando por uma bola, aquelas palavras incendiaram a alma ferindo-me o joguei longe de meus braços e gritei com ele, na hora disse absurdos, estava muito irritada com todo aquele jeitinho de desculpas que não me faria voltar ao normal tão cedo.
Lembro-me que ele tentou me abraçar várias vezes, mas a palavra futebol fazia eco em meus ouvidos deixando-me descontrolada. Falei tudo o que estava na cabeça o deixando enxergar seu erro, o limitei ao invés de fazer pipoca e assistir com ele, acho que exagerei o culpando de algo que se lembrará talvez, eu nem fosse tão boa esposa, talvez fosse isso que o deixará tão longe de mim e mais perto de minhas lembranças tristes. Só foi cair à ficha agora. Achava que fosse minha cegueira, mas ele talvez me amasse, ou nunca me amou pelas minhas ações descontroladas. Deixei-me levar, se hoje tivesse oportunidades para dizer isso á ele, diria para que ele me perdoa-se. Sou fraca em relacionamentos, não sei bem como tratá-los, deveria ser melhor, deveria ter dado á ele o filho que ele tanto queria, talvez ele não fosse tão culpado assim, minhas lembranças me castigam fazendo-me derramar algumas lágrimas e embaçar minha visão frágil ainda mais.
Tentei escrever uma carta á ele, em seguida que voltei a falar com Vivian, pedi á ela caneta e um pedaço de papel intacto, ela com seu jeitinho meigo o fez sem questionar, talvez soubesse naquele momento o que minhas lágrimas queriam dizer. Jack meu cão sapeca latiu soube naquele momento que ela estava de frente pra mim esperando-me começar, fui objetiva em começar pelo apelido:
‘ Jack,
Meu mais novo amigo sabe que errei contigo te fazendo resistir em algumas atitudes, o passado hoje me inferniza, para que eu lhe peça desculpas, talvez você nem queira ouvir meu nome, ou talvez esteja tentando me esquecer, eu não ligo, jamais liguei pelo o que as pessoas falaram, queria mudar mais não consigo, queria me arrepender, mas sou impura, pois em seguida repetiria sem cessar.
Não sou mais a jovem que te amava, agora continuo com minhas razões, mas,mudei sou a ceguinha do jardim paulistano. Acho até que estou feliz ao lado do meu cachorro que me guia, e da minha eterna amiga que diz me amar...
Enquanto eu falava Vivian escrevia, mas ela parou e me fez uma observação antes de continuar:
- eu te amo...
Meu sorriso foi tudo que pude lhe oferecer, ainda doía dizer essa palavrinha do passado, mas dei continuação...
Agora valorizo os pequenos gestos e as pequenas frases da vida, não me sinto tão mimada assim á ponto de explodir com as pessoas, acho até que estou mais paciente, não envolvendo é lógico o meu cachorro que me tira do sério. Agradeceria se você me perdoasse por tudo que lhe fiz, acho que te amava, não sei dizer, agradeço por tudo o que você foi para mim...
Beijos de Nicole.
Foi tudo o que eu consegui dizer para Vivian, meu sorriso ao terminar a carta, lhe expressava algo um tanto incomum, eu iniciei uma breve conversa com Vivian que agora pude notar que dobrava a carta pelo som de dobra que fazia:
- será que ele vai ler?
Ela manteve seu ponto de vista:
- se talvez você ligasse antes, mas me diga no que isso vai mudar?
- tanta coisa que eu deveria ter mudado, mas pensava como você, para que me desculpar se terei a vida inteira? Não penso mais assim, eu sofro por tudo que eu mesma o limitei.Continua...
O toque
Com pele macia em plena cama lá estava eu sedenta de amor, uma rosa vermelho sangue era o destaque daquela noite quente. Apenas um lençol branco me cobria, Eduardo se remexia no canto da cama tentando dormir. Pensei na solidão que congelava meu coração eu era a invasora daqueles sonhos, daquela cama, fui eu quem mandou embora o sono e veio de mansinho a insônia deixando- me aflita e sem saída.
Já fazia algum tempo que eu não sentia o tremor e o calafrio, pois Eduardo achava que se satisfazendo ele me satisfazia, mas a real era que faltava a chama do primeiro toque e o ardor do coração acelerado. Lá fora se ouvia alguns ruídos da madrugada o céu azul como a água do mar uma lua se preenchia com algumas estrelas ao redor. O fogo se apagou, continuei deitada me mexendo feito criança, queria gritar, sair dali, chorar, mas nenhuma angustia foi maior ao ser tocada friamente por um amor que estava adormecido ao meu lado. Ele tocou minhas costas com a ponta do dedo, fiquei paralisada sem me mover, ele se erguei para sussurrar em meu ouvido:
- dorme amor, dorme.
Eu me irritei e o olhei friamente:
- não consigo dormir...
Ele se moveu tal forma que me envolveu em teus braços me fazendo ninar. A noite foi longa para aqueles que não dormiram, mas enfim conseguir chamar para perto de mim meu amado distraído e o sono fujão. O dia clareava nosso quarto, mas o que me acordou foi seu beijo em minha boca seca, ele tocou meu corpo como antigamente e se lembrou de como me fazer sorrir em plena manhã. Eu o retribui com seus beijos carinhosos, deixando a chama arder minha alma, deixando-me mais a vontade naquela cama de casal e aquele imenso quarto quente. Seu suor se juntou ao meu corpo, sua saliva permaneceu em mim. Era a prisioneira do encanto, deixei meu corpo se iludi e o obedeci ainda fragilizada o olhando enquanto nós nos amávamos em uma manhã de domingo.
Seu toque, doce toque que me fez gemer em seu ouvido, doce saliva que envolveu meus seios nus, suas mãos eram firmes, seu cheirinho de leite me fez desejá-lo ainda mais. Gritar ‘amor’ ou dizer alguma safadeza seria legal, mas não me contive tive que fechar meus olhos e receber todo amor que pra mim estava perdido, mas resgatei nosso toque simples, nosso carinho sedutor e minhas forças para amá-lo ainda mais. Arde em mim esta paixão enlouquecedora que me fez esquecer a noite passada e delirar nos braços de quem tanto amo, o seduzi com meu charme desajeitado e continuei querendo mais dele, pois meu corpo é sedento de amor, minha vida é sedenta de raízes, mas ás vezes vouo livre para longe de tanta pressão, só para me ver novamente aos braços de Eduardo. Dorme agora princesinha, pois um dia seremos um só.
Agradeço ao meu Deus pela sua vida, você me faz feliz, brilha em mim a alegria de estar perto de ti e amar a quem tanto procurei. Hoje minha lágrima é por não te compreender como deveria meu doce engano de me ver sorrir ás vezes é por saber que tenho alguém do meu lado me olhando e gritando para que eu pare e ouça com mais atenção cada murmuro. Se a saudade bater na minha porta quem gritará será eu, dizendo para que pare de andar e volte para meus braços e para o conforto dos dias felizes, meu amado sua saliva soa livre dentro de mim, seu coração ainda palpitando por mais amor grita dentro do meu, sua alma desastrada se juntou ao meu vazio deixando-me ainda mais sedenta por ti.
Feliz Dois anos de namoro!
Obs: O que fazemos na vida é como na Eternidade!!!Minha doce paixão meu eterno toque de amor... Eu te Amo...
Eu estava no lugar certo e na hora certa, em menos de vinte minutos partiria para Belo Horizonte com uma amiga, mas o que parecia improvável aconteceu. Sentei-me em um dos bancos desconfortáveis da rodoviária mais próxima da minha casa, e minha amiga que se remexia de pé me olhando me obrigou a ir ao banheiro com ela, me senti idiota ao obedecê-la, mas segui em frente. Minha paciência nunca foi das melhores, mas tentei ser humilde. Ao acompanhá-la fiquei do lado de fora do banheiro á esperando não quis entrar, estava na verdade com medo de perder o ônibus. De repente um inconveniente veio em minha direção, ele me olhou dos pés a cabeça, como se estivesse me aprovando, algo do tipo. Eu o encarei de imediato, meu coração acelerou, para não ficar sem graça ou pular no pescoço dele, peguei um bubaaloo e o coloquei em minha boca, era fatal sempre em casos de constrangimentos tinha que ter um no bolso.
O garoto atrevido se aproximou ainda mais de mim, com um sorriso de tirar o fôlego sussurrou ainda me encarando:
- tem um pra mim?
Queria dizer não, falar algum absurdo, mas meu coração ficou a reclamar de tanta emoção, eu era virgem de tudo, não poderia ficar boiando, mexi no meu outro bolso para entregar a ele quando fui surpreendida com:
- mas se não tiver nenhum sobrando, posso pegar o da sua boca, se quiser.
O guardei rapidamente e avancei no garoto, coloquei minhas duas mãos no ombro dele fiquei na ponta do pé e o lancei um beijo tímido, ao tocar seus lábios carnudos, me arrepiei, não sabia que era tão bom. Ouvi como um murmuro minha amiga me gritar a me ver aos beijos com alguém desconhecido:
- Liliane?!
Foi um baque ter que sair daquele tão imenso beijo cheio de saliva, ele ficou com o meu chiclete e saiu de perto de mim dando risada, eu fiquei o olhando sem piscar, pois não compreendia minha reação, desfrutei da situação como pude, mas minha boca ficou com gostinho de quem queria mais. Ela se aproximou de mim me chacoalhando feita louca com palavras estúpidas:
- ficou louca sua desvairada, o que acha que está fazendo?
Na verdade não estava interessada no que tinha feito ou o porquê daquilo, queria mais, mas fui arrastada feita criança para perto do ônibus. Enquanto Leila falava em meus ouvidos, meus pensamentos corriam para perto dele o louco estranho que tirou a virgindade de meus lábios. Leila me olhou totalmente irritada gritando comigo:
-pare de me ignorar, sabe o que fez?
Eu a olhei incrédula, mas fui capaz:
- cala a boca sua bv, não se intrometa na minha vida pessoal...
Sei que minhas palavras foram um baque para ela, mas era eu quem completava 18 anos naquele dia, não deixaria ninguém atrapalhar meu momento descontrolado. Como eu já a conhecia, sabia que ela iria se afastar de mim, e foi o que ela fez, caminhou para perto do ônibus sem olhar para trás. Fiquei um tanto envergonhada, fui atrás dela murmurei em seu ouvido algo que seria ignorado:
- me perdoe...
Ela nem se quer olhou para mim. Percebi que algumas lágrimas rolavam discretamente em seu rosto, fiquei emocionada, não queria magoá-la, mas sabia o efeito. Não compreendia por que ela ficou tão chateada com minha reação de ter beijado aquele garoto, pensei em tantas coisas. O nosso ônibus chegou junto com uma ventania fria. Eu peguei meu casaco antes de entrar e me sentei do lado de Leila, fomos pegas de surpresa, por um acontecimento estranho. Ela me olhou com seus olhos firmes e falou bem baixinho:
- você me fez uma promessa, não sei se lembra?
Fui idiota não lembrava de nada, ela se calou me manteve no gelo, fiquei constrangida e comecei a vasculhar minhas lembranças, percebi que havia uma única promessa. ‘ faremos diferente seremos irmãs, beijaremos quando nos apaixonarmos, se pudermos casaremos no mesmo dia’ Lembrei, mas achei que fosse algo infantil sem recordações. Tive que fingir ali a olhando de que não me lembrava de nada, ela ainda chorava, limpando com suas mãos as tímidas lágrimas. Sabia que chorava pela minha grosseria, não pela promessa. O ônibus deu a partida saímos da rodoviária enquanto o silêncio tomava conta de nós. Senti-me um tanto rejeitada, mas mereci.
A força de um adeus
Nunca me imaginei ter que me despedir de um amor, nem a eternidade poderá me fazer esquecer aquele sorriso que um dia aqueceu minha alma, do toque ao encontro desconhecido, de um amor que brotou sem que ambas as partes percebessem, pois bem quero falar em meu secreto diário da vida sobre o meu amor. Sei que enquanto eu falava sem cessar, minha psicóloga fazia suas anotações, a chuva que caia lá fora me emocionava ainda mais embaçando meu doce olhar, Layla minha querida psicóloga fez questão de se levantar de sua poltrona macia e pegar um copo d’água para eu beber. Molhei minha garganta seca e continuei:
-‘ era mês de Setembro quando nos conhecemos, ele trabalhava em uma construtora no centro da cidade, nós nos conhecemos através de uns amigos, éramos dois solteirão a procura de um amor. Nunca me imaginei casada com filhos, mas sim curtindo o momento, aconteceu tudo que nunca pensei que pudesse acontecer. Casei-me aos vinte e um anos enquanto ele já tinha trinta, depois vieram os meus dois meninos, Marcos e Gustavo. O nosso amor deu certo, mas tive que me despedir cedo demais, tantos momentos comemorados juntos, tantas brigas em vão, tanto amor para ser descoberto, mas tudo foi tirado de mim em apenas alguns instantes. Penso que Deus leva seus filhos no momento certo, acho que todos nós temos missões para cumprirmos, depois só deixamos as saudades para aqueles que ficam.
Calei-me um instante a procura de mais lembranças, mas me mantive serena enquanto ela voltava para seu conforto ainda me observando.
‘ Em dia chuvoso as pessoas procuram ficar em casa, mas eu tinha cede de me molhar, lá estávamos nos de baixo de uma chuvinha que nos penetrava a alma, ele me rodeou como se eu fosse a razão da vida dele, como se já nos conhecêssemos a anos. Me beijou como da primeira vez, colocando sua mão gelada na minha nuca e com a outra mão apertando minha cintura fina. Minha prioridade era engravidar, não estava mais pensando como antes, nos estudos, em terminar minha faculdade, já estava casada á quatro anos, queria filhos para que pudesse ter minha felicidade completa. Precisava pensar, não sabia como começar a falar, pois ele não tocava no assunto delicado que todos os casais normais comentavam ‘ filhos’. Esperei chegarmos em casa, corremos para o banheiro antes que houvesse uma tempestade de gripe entre nós, ele arrancou minha roupa encharcada enquanto eu fazia o mesmo com ele. Mais as palavras vieram acompanhada de uma dose de entusiasmo:
- amor... Estive pensando já a algum tempo, em parar de beber o remédio e encarar uma gravidez...
Minha garganta estava dolorida, parecia que queria chorar, ele me olhou preocupado, pude perceber que nem ao menos pensará em filhos. Ele ligou o chuveiro e começou com suas poucas palavras me confortar:
- por que não? Se for esse seu sonho, de ser mãe jovem, quero que pare de beber o remédio de imediato e tentaremos em seguida...
Não deu para negar, minha imensa felicidade, voei nos braços dele quase o derrubando no chão, o beijei por completo, estava tão feliz que não consegui falar, nem agradecê-lo. Aquela noite foi minha favorita, meu sonho se tornaria realidade. Era bom sonhar e navegar pelas águas das emoções, mas preferia a realidade vindo direto para de baixo dos meus pés, só assim teria a certeza da completa felicidade. Seu sorriso contagiante me levou a começar os planos, queria tirar tudo dos quartos de hospedes e jogar fora toda bagunça que nem ao menos lembrávamos de mexer, ele me ajudou a pintar os dois quartos, já esvaziados.
Penso que meu amor me fazia feliz por realizar meus sonhos, e eu acredito ter feito ele feliz por ter realizado os dele. No Natal já com meus dois meninos crescidos, tivemos a pior noticia possível, pela manhã, meu esposo saiu para comprar o pernil que ficou faltando, se eu soubesse que ele não fosse voltar mais para meus braços jamais teria deixado ele ir. Em seguida comecei a arrumar os ingredientes para começar a preparar todo a comida, Marcos e o Gustavo estavam dormindo ainda. Alguém apertou a campainha, senti um arrepio tão forte e indesejado, mas abri a porta, quando recebi a noticia que Louis tinha falecido em poucos minutos, foi atropelado por um carro em alta velocidade. Natal para mim era tudo, mas joguei tudo para o alto, pois só o que queria era ter meu amado de volta, algo que estou aprendendo a ficar sem, mas as lembranças me fazem recuar para perto dele.
Não consigo viajar, como sempre fazia, sei que a solidão é triste, mas parece que meu amor foi feito somente para meu esposo, pois todos que tentam se aproximar de mim mando para bem longe. Sinto-me distante e distraída o suficiente para tentar me relacionar, amo meu esposo e devo morrer a procura dele, não conseguirei amar outro alguém como eu ainda o amo.’
Layla minha psicóloga analisou minha situação e começou com suas doces palavras:
- você é jovem, linda, já faz oito anos que ele partiu, não pode viver em função disso. Tem que tentar se relacionar com outras pessoas, fazer com que seu coração permaneça com seu esposo, não é morrer junto com ele, mas você está desistindo de viver. Pense, seu esposo gostaria de saber que você está feliz, viva apenas para depois no seu determinado momento morrer. Quero que faça uma lista nessas suas férias, de tudo que você deixou de fazer, coloque-a em prática nesses vinte dias, fará isso pelos seus meninos?
Pensei em como eu estava sendo egoísta, percebi que meus filhos precisavam de mim, e eu os ignorei deixo-os em segundo plano. Busquei levar para dentro de mim animo e autoridade para prosseguir. Não posso lamentar mais pelo que não tenho, somente lamentarei que perdi, buscarei dentro de mim ser a mãe maravilhoso do inicio e ser a mulher preciosa para eu mesma. A vida continua o sofrimento trouxe marcas, dores terríveis, mas nada me fará desistir de acreditar em um amanhã melhor!
A vida pode ter duplo sentido, posso imaginar algo que aconteceu comigo quando criança e tenho detalhes da situação, é só juntar o quebra-cabeça que as lembranças nos trazem coisas desagradáveis e outras nem tanto. Quando criança meu pai costumava pegar os pregadores de minha mãe e fazer robôs ou uma torre, lembro-me dos hominhos de plásticos jogados no chão do quarto em tempo de guerra imaginária. Esta visão foi reforçada ao ver meu noivo brincar com a Julia no chão da cozinha, enquanto eles nem se ouvia o som das minhas velhas recordações, os pregadores faziam uma torre e em seguida a Julinha os desmontava com sua singéla simplicidade. Se eu pegasse os pregadores e os levassem para meu pai se lembrar de quando eu era menor ele brincava comigo, talvez ele não se lembraria, ainda eram 18:45 hs, horário da novela da tarde, seria desprezada.
Fingi levar os pregadores e percebi que na minha imaginação fui rejeitada, isso fez com que eu recuasse de imediato para a minha consciência e esquecesse toda aquela infância desnecessária para aquele momento. Tem vez que tudo passa em câmera lenta, só para eu não me esquecer dos detalhes, e ás vezes tudo passa tão despercebido que não me incomodo em esquecer de que lembrei. Sentada e despreparada para qualquer vacilo, me coloquei na defensiva, ela veio a me rodear com sua beleza e em suas mãos me trazia uma xícara de chá camomila, eu peguei encostando a palma das minhas mãos na xícara para me aquecer um pouco mais, pois o vento frio que invadia a janela de meu quarto era espantoso, ela se sentou na minha frente embrulhada em um edredom de bichinhos levando lentamente a xícara até o lábio superior para beber seu ultimo gole de chá. Eu tive que iniciar uma conversa, ao contrario disso, minha irmã acharia que eu estaria com raiva dela, só por que não quero acompanhá-la ao baile esta noite:
- não vai amassar o vestido?
Ela terminou de beber o chá, e mordendo seus lábios resolveu por hora me responder:
- espero que não, decidi aproveitar para me aquecer, não quero usar blusa de frio, mas talvez isso seja impossível...
Eu simplesmente sorri, para que ela não me achasse tão depressiva:
- pode pegar o meu carro, se o Jone não vier... Mas cuidado, ainda pago as prestações com suor.
Meu sorriso se tranqüilizou, mas ela pareceu estar tranqüila:
- não se preocupe, ele acabou de me ligar, é o transito...
A campainha tocou assim que suas palavras fizeram eco em meus ouvidos, eu me deparei ali a olhando com cara de boba. Ela se levantou me beijou o rosto e em seguida me cobriu com seu edredom macio e perfumado, saiu dali eufórica talvez ansiosa, mas eu a olhando desejei boa sorte e continuei a me deparar com a solidão, estava ali pela minha própria vontade, não estava sendo obrigada a nada, mas me distanciar das pessoas seria o melhor para aquele momento sem distração ou algo do tipo. Uma música do som alto que vinha da rua fez meu coração acelerar, eu me deitei novamente no chão, como fazia quando era adolescente e fechei meus olhos, queria me lembrar de como era bom ter esperança, de como era bom ter fé e poder voar mesmo não tendo asas de borboletas. A luz que refletia no chão do meu quarto iluminava meu rosto, apenas isso eu poderia ter de conforto, sentir o vento frio me congelar a pele desprotegida ao arrancar o edredom de meu corpo. Acreditei em um amor, que hoje sofro por ser tão tola, me deixei iludir, agora o que mais quero é tê-lo de volta, como sou tola. O telefone tocou, o barulho vinha da sala, mas não quis me levantar, talvez nem fosse pra mim, ninguém me ligaria tarde assim. O telefone tocou três vezes em seguida e parou por alguns segundos antes de começar a tocar em disparada, não agüentei aquele barulho pensei em levantar das minhas tristezas e quebrá-lo, mas não o fiz, me levantei e atendi:
- alô?!
Era a voz dele, meu amor que deixei fugir de meus braços, meu suspiro fez com que eu esquecesse as magoas e a distancia, permaneci o ouvindo:
- Cristina, quero lhe pedir perdão, pelo que estou lhe causando, eu não consigo te esquecer nem por alguns instantes. Sei que já faz uma semana que não dou noticias, é que o meu orgulho falou mais alto. Você está ai ainda?
Meu silêncio era pra saciar meus ouvidos em tua voz, queria estar ao lado dele e esquecer a burrice de magoá-lo, estive pensando em como faria para mudar meu estado de solidão, mas foi tão rápido que o respondi com imenso prazer:
- vamos apagar tudo o que foi dito um para o outro, vamos olhar para o futuro na mesma direção, se você concordar com minhas decisões poderemos continuar, ao contrario desligue o telefone e caia fora da minha vida...
Estava com medo que ele realmente não concordasse e desligasse o telefone, ainda era tola, talvez ele me amasse. Ele me retribuiu com um grande sorriso ofegante e em disparada me fez um pedido, o pedido dos meus sonhos o qual eu jamais diria ‘Não’:
- já estamos juntos há três anos e alguns dias, tirando esta uma semana longe de ti, resolvi de uma vez por todas, não ouvir ninguém, somente a voz do meu coração. Cristina...
Seu silêncio:
- Quer se casar comigo?
Meu sorriso estalou disparando ainda mais meu coração. Sussurrei sem pensar:
- claro meu querido, claro que sim...
Era tudo que a princesinha sempre sonhou, desde criança já formava uma família, quando decidi sem consciência do que fazia, ao brincar de boneca e Barbie com minhas amigas. Minha solidão saiu de mim e pulou a janela, mas eu continuei ali querendo ouvir um pouco mais da sua voz delirante e cheia de planos, me vi com alguns anos, meus filhos imaginei, pude ver a minha felicidade e percebi que ainda havia esperança dentro de mim e uma fé inabalável.
Só o tempo
Descartei as cartas antigas que guardava em meu armário, decidi subir a escada do sótão e as joguei ali e em seguida desci sem olhar para trás. Toquei com as mãos suadas em algumas fotos do passado que me lembravam de como eu era feliz ao lado de Vini, minha linda esposa falecida. Queria poder não esquecê-la, mas as circunstancias são outras, pois já não posso me alimentar da solidão e muito menos de alguém que me fez feliz. Não consigo dormir, deve ser por isso que procuro cada detalhe de seu sorriso, a cama está vazia meu bem, as crianças dormem bem, mas meu coração grita pela distância que nunca pedi à Deus. A rua está vazia e silenciosa, o céu não está tão azul quando olhávamos juntos para ele, parece que tudo está perdendo o brilho a luz.
Me dei conta tarde demais que você já não fazia mais parte do meu mundo, as meninas ainda choram em silêncio de saudades, e eu disfarço com risos. Peguei meu telefone sem fio e liguei para minha psicóloga Drica, no meio da madrugada quente. Ela me atendeu com voz de sono, eu com um sorriso de quem a acordou em plena madrugada só para conversar, queria ser ouvido. Sua gentileza de acordar e sair da cama só para me ouvir foi o suficiente:
- desculpe ligar esse horário, não consegui dormir ainda...
Drica deveria pensar que eu fosse louco, pois quase todas as noites eu a acordava:
- tudo bem, pode continuar...
- ok, mas, por favor, não durma.
Seu sorriso era fraco, mas verdadeiro:
- Fiz o que você me pediu, guardei as cartas longe do meu coração, mas não consigo fazer o mesmo com as fotos...
Sua voz era calma:
- não precisa se desfazer de tudo, só para aliviar o ambiente. É bom recordarmos de alguém, sentir que essa pessoa ainda olha por nós. Não se deve apagar um passado construtivo, mas já disse não viva em função disso... Prossiga...
Queria chorar, minhas lágrimas queriam sair, mas estava envergonhado diante da minha presença e da voz suava de Drica:
- entendo... Hoje Lili, me fez uma pergunta, ela queria saber pra onde a mãe dela foi...
- e o que você respondeu?
Era fraco demais, para pensar em respondê-la:
- disse que foi morar com o papai do céu, Lili ficou escandalizada, pensou que a mãe tivesse fugido de casa, começou a chorar como se alguém tivesse lhe roubado algo.
- e o que você fez?
- eu a abracei, mesmo com lágrimas no rosto e disse que todos nós morreremos, piorei as coisas, ela é muito jovem e inocente para compreender as coisas. Ela se acostuma...
Drica suspirou do outro lado da linha, pude sentir seu cansaço:
- o que a Jess acha de tudo isso?
- ela é mais difícil, não é tão ingênua como aparenta. Mas seu silêncio me assusta, ela não diz uma palavra, mas a vi chorando de manhã.
Drica suspirou mais uma vez, tentando me tranqüilizar:
- traga ela amanhã no meu consultório, vou tentar ajudá-la, deve ser muito difícil pra ela que já é mocinha encarar a adolescência sem a mãe. Quero que faça algo por si, faça um chá bem quente, coloque uma música bem lenta e tente dormir, confie o resultado é bem relaxante, fará isso?
- claro, boa noite, e se me permite desculpe novamente, por ter te acordado...
Seu sorriso me confortou. Desliguei em seguida o telefone e acredito que ela fez o mesmo. Coloquei um pouco de água para ferver e coloquei uma canção romântica que costumava dançar com Vini. Segui o conselho da minha psicóloga, só para tentar dormir e esquecer por algumas horas o amor da minha vida que se faz presente em cada canto dessa casa, seu perfume ainda consome minhas energias, seu doce olhar ainda permanece em nosso quarto. Minha vida está sem ar, por tentar viver sem ela.
Lágrimas do Ontem
Nunca me imaginei sendo escrava de nenhum homem, por mais rico que fosse, por mais poder que possuísse nada me faria ficar. As brigas eram contínua uma alteração de voz aqui, outra ali, mas nada que me desse nojo. Na noite passada a coisa ficou mais feia, recebi por todos aqueles anos de juras, um murro na boca e em seguida um soco no estômago, ele arrancou minha roupa deixando nua, desfez meu penteado e gritou em meu ouvido:
- ta ridícula, acha que vai aonde desse jeito?
Minhas lágrimas me fragilizavam, me senti impura ao permitir que aquela situação chegasse a esse ponto. Fui covarde ao dar a cara por um homem que não vale o que come, mas meu respeito por ele me fazia recuar, meu medo me fazia gemer de dor, me agachei no chão da sala de jantar e fechei meus olhos abaixando minha cabeça. Ouvi seus passos covardes irem para fora da casa pude ouvir a chave virar na fechadura, estava trancada na mansão que sempre desejei, caída e destruída no carpete que ganhei quando pus meus olhos nele, envergonhada, mas ainda estava com o ouro em meus ouvidos. Percebi que na realidade tudo o que sempre quis estava diante dos meus olhos, mas nada disso poderia me comprar, sei que ele estava bêbado, mas naquele momento estava mais grosseiro ao ponto de relar as mãos em mim. Me senti com pó em meio as riquezas, gritar nem sempre faria com que eu pudesse erguer minha cabeça, ainda estava com muita dor.
Me levantei escorando o meu corpo na enorme mesa de vidro fino, colocando minha outra mão no estomago para tentar diminuir a dor. No caminho até meu quarto peguei meu roupão e me cobri o corpo, sentei na enorme cama de casal e liguei a TV, os noticiários eram sempre o mesmo, me dei conta que a violência contra a mulher estava cada vez mais levando ao homicídio. Fiquei apavorada, me imaginei sendo esfaqueada e depois jogada em qualquer lugar, por permitir uma surra, estaria permitindo perder não só minha dignidade, mas também a vida. O homem que já demonstra covardia ao bater em uma mulher, é covarde na hora de reconhecer o próprio erro, era isso que me deixava amedrontada, foi por isso que decidi desligar a TV, trancar a porta do quarto e fazer a minha mala, coloquei tudo o que eu conseguiria levar, roupas e todas as jóias. Me coloquei no lugar de milhares de mulheres que já morta gostariam de ter o poder da escolha e ser capaz de fugir.
Ouvi um barulho, de repente senti um tremor, ele tinha voltado, talvez com mais raiva, me gritou o nome umas dez vezes, mas não respondi, ele pareceu estar agitado ao murmurar:
- se ligou pra policia vai perder o seu tempo, pois começo a metade... Cadê você?
Meu silêncio era oculto, mais minhas pernas ainda tremiam, fechei a mala e abri a enorme janela que havia no quarto, ele começou a bater com toda força na porta do quarto, me assustei, me apavorei, pensei em todas as coisas, nas decisões e em tudo o que eu estava jogando pela janela, mas era isso ou nada. Segurei firme a mala pesada e fechei a janela em seguida pulei na varanda da sala que ficava do lado, procurei um lugar não tão alto e me joguei, já estava com a dor da surra, mas foi por pouco que não quebrei meu braço. Tentei correr ainda mancando até o portão de entrada, me deparei com o sufoco, meu coração acelerado dizia para eu fugir o mais depressa possível. Por sorte vi a minha vizinha saindo com seu carro, eu com os lábios sangrando e mancando, pedi ajuda para ela.
É engraçado, nunca nem quis saber o nome dela, nunca dei se quer um bom dia, e naquele momento era eu quem implorava compaixão. Meu nariz empinado fugiu junto com aquela mulher rica e poderosa, com um esposo bêbado e covarde. Ela de imediato saiu do carro, abriu o porta - malas e pegou a mala de minhas mãos, pedindo para eu entrar em seu carro. Ela entrou em seguida e começou a tentar conversar comigo, mas eu apenas chorava como a frágil dama sem teto e sem família, pois tudo que um dia eu tive, foi eu mesma que desprezei. Ela começou a dirigir em direção á avenida enquanto eu arrumava a bagunça das minhas lembranças:
- qual é o seu nome?
Perguntei ainda com voz fraca:
- Nicole, e o seu qual é?
- Fanny Lana, me perdoe, se fui muito arrogante...
Permiti fazer uma declaração de desculpas, pois ainda estava envergonhada. Ela sorriu pra mim, com ar de quem não se importava:
- imagina, pare com isso, nem sempre os vizinhos, são boas companhias...
Na verdade pensava o oposto foi bom conhecê-la e estar ali. Pedi á ela que me deixasse na avenida principal que logo chamaria um táxi, mas ela fez questão de me deixar próximo ao meu destino, á casa dos meus pais. Eu a agradeci com um adeus e um abraço descontraído e a deixei seguir em frente, eu tentei me lembrar do número da minha casa onde passei toda minha infância e adolescência. Já era tarde, a rua ainda tinha algumas pessoas colocando o papo em dia, mas o que me iluminava era apenas a luz do posto e bem de frente pra ele lá estava a minha casa. Tive que criar coragem em tocar a campainha e pedir perdão por ter sido a arrogante de todos aqueles anos. Ao apertar a campainha uma senhora com traços da minha mãe, abriu um imenso sorriso e me abraçou com toda sua força, logo gritou pelo nome de meu pai que ainda dormia no sofá da pequena sala aconchegante. Ali pude me recordar da minha rebeldia, de como era bom ser servida pela minha mãe em plena noite. Em seguida tomei um outro banho lavando minha alma minhas feridas, era bom estar em casa onde ele jamais me encontraria.
Laços de Amor...
Quando criança me imaginava flutuar sobre a vida, de que tudo seria fácil, de que eu seria uma princesa a se encontrar. Me apaixonei muito cedo, me casei mais cedo ainda. Com oito anos tive meu primeiro beijo apaixonado. Em seguida ocorreu a antiguidade, Ricardo meu amor, foi até a minha casa conversar com meu pai ele na época tinha dez anos, com passos ligeiros foi até o encontro de meu pai que ainda assistia futebol na TV, suas palavras foram desafiadoras para meu pai que o fuzilava com um olhar severo. Ouvi o primeiro grito, talvez um estalo na orelha do meu amor. Vi pela janela do meu quarto Ricardo sair da minha casa correndo sem olhar para trás, achei que seria nosso fim. Mente jovem corpo de criança, mas uma alma muito corajosa. Desci a escada e fui até a sala reclamar para o meu pai que pareceu estar nervoso:
- por que o Ricardo saiu gritando?
Meu pai me olhou rapidamente e se levantou depressa demais para eu tentar correr:
- você é uma criança, não quero saber que está andando com meninos...
Tentei usar o pouco da minha coragem que queria fugir pela porta da frente:
- nós nos amamos papai...
Percebi que ele enlouqueceu, seus olhos arregalados e o nariz ficaram avermelhados, sinal de que estava ao extremo nervoso, era hora de fugir. Corri até meu quarto ele gritou comigo:
- volta aqui... Layla...
Por sorte ouvi a porta da frente se bater, era a minha mãe que chegará do serviço, ouvi ela me defender, meu pai gritou com ela também dizendo que ela não poderia apoiar tal safadeza. Eu tive que me trancar em meu quarto, pois sabia que a bomba explodiria a qualquer momento. Meu coração acelerado disparou um pouco mais ao ouvir passos na escada, alguém bateu na porta, silencioso demais para ser meu pai, mas mesmo assim conferi:
- quem é?
Uma doce voz me confortou:
- prefere que seu pai suba aqui? Então vou chamá-lo.
Eu gritei:
- não...
Abri a porta bem devagar para confirmar que ela estaria sozinha, minha mãe me pegou em seu colo e me colocou em cima da cama, com um olhar desconfiado desembuchou:
- por que Ricardo veio pedir a sua mão em namoro?
-por que ele me beijou, ai eu disse que agora ele teria que pedir eu em namoro para o meu pai, por que senão eu não iria poder namorar. Não foi assim que você falou pra eu falar?
Ela pareceu soltar um riso disfarçando:
- sim querida, quando você completasse quinze anos, não quando recebesse um beijo ingênuo.
Eu a olhei triste:
- mais eu gostei, quero mais...
Ela sabia que nada do que faria me ajudaria, pensou como meu pai, que tudo aquilo fosse infantil demais para ser discutido. Em outros tempos, vi Ricardo crescendo e ficando cada vez mais lindo, mas agora ele me ignorava com seu charme de adolescente. Fui acompanhando a vida dele, mas ele já não pareceu se importar tanto assim com a minha, mas eu também cresci me tornando mocinha, parece que o cuidado que meu pai já tinha comigo se dobrou ainda mais, meus quinze anos foi algo maravilhoso, um salão traduzia meus contos de fadas e um vestido rodado me transformava em princesa. Mas a real era que eu ainda era a bela adormecida. Minha mãe disse que eu poderia escolher quinze meninas e quinze meninos para dançarem comigo e meu pai, mas eu não queria dançar com meu pai, mas sim com Ricardo, bati o pé até eles concordarem, mas nada foi possível, ele jamais abriria a mão do trono.
Decidi dois dias antes da festa criar coragem e convidar Ricardo, para ser meu parceiro, a mãe dele me atendeu, mas foi sem sucesso ele negou até cair uma lágrima dos meus olhos e sai correndo em disparada para a minha casa. Me confundi com a princesinha sem príncipe e sem a carruagem confortável. Os preparativos eram todos da cor rosa com branco, meu vestido era Lilás com detalhes rosas, o salão era enorme com flores e minhas fotos espalhada em todo canto. A valsa começou, meu pai me tirou despercebidamente de perto da minha mãe e começou a me levar para o centro do salão e a dançar comigo, enquanto a música rodava, eu me imaginava correndo dali me escondendo, mas de repente meu príncipe apareceu. Ricardo estava todo formoso, ele me tomou dos braços do meu pai e dançou comigo, não pude acreditar o tamanho da sua coragem, meu sorriso voltou, minhas pernas ficaram bambas. De repente, ouvi a voz do meu pai, a música parou, e nós também o olhando de longe enquanto ele falava no microfone:
- bom em primeiro lugar, fui trocado por outro rapaz, minha filha preferiu Ricardo a mim, por que será?
Todos riram:
- pois bem, espero filha do fundo do meu coração que você tenha gostado da surpresa, combinei com Ricardo que este dia seria como nos filmes de princesa. Bom já que não tenho par, vou ter que dançar com uma linda mulher vestida de rosa, minha linda esposa li.
Continuamos a dançar, e tenho em mim um futuro brilhante, pois danço com Ricardo todo o tempo só para recordarmos daquele dia. Foi amor a primeira vista, jovem demais, mas feliz para todo o sempre.
Entre Olhares
Busquei seu olhar no brilhar negro da noite. A areia do mar fina penetrava os vãos dos dedos dos pés, assoviei para você parar de correr na água congelada. Seus cabelos enrolados voavam contra o vento, ao me aproximar dela não me contive em tocar seus lábios no meu, mas ela se afastou de repente me repreendendo:
- Robson o que acha que está fazendo?
Éramos pra ser bons amigos, mas o acaso aconteceu explodindo e acelerando o coração com marcas do passado. Eu a olhei com medo de sua reação, talvez um tapa poderia estalar em meu rosto, mas ela penetrou no meu olhar com suas dúvidas. Minha cabeça abaixou-se antes mesmo de conseguir recuperar o fôlego. Envolvi seus cabelos entre meus dedos tocando a nuca quente de Evelyn. Ao conseguir levantar minha cabeça novamente percebi que ela me olhava com um olhar amedrontado, seu sorriso se fechou e percebi que suas pernas tremiam:
- seria bom se nós não falássemos nada, mas preciso que me ouça...
Continuei a lhe tocar seus cabelos envolventes, de repente as palavras surgiram:
- não quero ser apenas um amigo, tentei demonstrar meu amor e admiração por você, mas parece que nenhum sinal foi maior que meu beijo...
Parei por um instante e percebi que seus olhos se fechavam dizendo para eu voltar á beijá-la. Movimentei-me de leve até voltar a tocar seus lábios, conduzi minha alma para dentro da dela. Acreditava no sentimento do amor, mas provoquei com um suspiro no pé do ouvido:
- Evelyn podemos tentar, se você quiser...
Imagino que não teria como voltar trás, nosso destino se entre laçou, não teria como sermos apenas amigos, pois destrui algo para crescer outro sentimento entre nós. Minha consciência me abandonou diante daquela cena, o silêncio era inevitável, seus olhos se abriram junto com os meus, sua boca se movimentou de leve:
- eu não sei, será estranho se tentarmos. Mas talvez de certo...
Seu sorriso voltou a iluminá-la, meus lábios sem que eu percebesse já tocavam o dela, o medo deu um mergulho no mar e recuperei minhas forças. A noite continuou ali com sua energia contagiante e nós decidimos caminhar um pouco mais até chegarmos em casa, minhas mãos tocavam sua delicada cintura, estava certo de que éramos feito um para o outro.Simplesmente Você
Ao acordar em plena tempestade, esfreguei minhas mãos em meus olhos, percebendo que Nick não estava mais na cama. Levantei-me e tentei descer a escada bem lentamente, pois ainda estava com dor nas pernas por causa de uma partida de futebol feminina. Senti um delicioso cheiro vindo da cozinha, era sinal de que meu lindo esposo estava preparando panquecas com creme de chocolate para o café da manhã. Ao me aproximar da cozinha bem lentamente, o notei de longe, ele cantava rock Nirvana, sua preferência era rock bem agitado, ele era meu oposto, mas com um tom de completo. Ele continuou distraído preparando a massa, eu me aproximei bem de vagar com medo de que ele viesse a me olhar e dei um grito junto com uma pitada de cócegas, ele se virou derrubando toda a massa no chão da cozinha com um olhar arregalado e distraído:
- amor?!
Com ar de decepção se ajoelhou para limpar o chão, eu com certeza fiquei constrangida e o ajudei a preparar outra massa. Seu tom de voz mudou assim como seu humor também:
-poxa pra que fazer esse tipo de brincadeira? Sabe que eu não gosto...
Eu sei que errei, pois já conhecia de longe o gosto dele, abaixei minha cabeça deixando a tigela e os ovos em cima da mesa e caminhei mancando até a sala me sentando no meu maravilhoso sofá aconchegante. Seus passos vieram para perto de mim, fui surpreendida com uma rosa cor de rosa que ele segurava nas mãos:
- eu comprei hoje de manhã pra você, espero que goste...
Eu o olhei com ar de culpada e peguei a rosa de suas mãos grossas o agradecendo, dei um beijo tipo bitoca nele deixando-o se sentar ao meu lado. Enquanto eu segurava à rosa, ele me beijava a orelha tentando despertar em mim um sorriso. Eu o olhei em seguida e o desejei feliz natal, mas ele não se animou com minha tristeza:
- amor, espere aqui tenho uma surpresa, mas antes quero ver um sorriso.
Meus olhos tristes continuaram, mas abri um sorriso amarelado, ele se levantou indo em direção a cozinha, eu liguei a TV e comecei a assistir desenho animado me distraindo. Percebi que sua demora era inevitável, o cheiro gostoso de panqueca começou a inundar meu nariz, estava morrendo de fome, o gritei uma duas vezes, mas a resposta dele sempre era a mesma:
- espere amor, não venha aqui...
Imaginei que ele estivesse preparando novamente as panquecas, não me preocupei continuei a assistir. Em alguns minutos ele veio com uma bandeja nas mãos, eu a olhei curiosa para me deliciar, ele a colocou na mesinha de centro e eu vi finalmente o que tinha ali, panquecas, banana com açúcar, suco de laranja, vitamina de abacate, e dois pães Frances com queijo derretido. Eu comi até me fartar, logo em seguida do delicioso café da manhã, Nick me carregou até o quarto novamente e me deitou na nossa cama, pedindo para que eu viesse a fechar meus olhos, os fechei dando risada queria saber o que mais meu esposo tinha aprontado, ele tocou minhas mãos e sussurrou em meu ouvido para que eu abrisse os olhos, foi tudo tão rápido que quando vi meu presente do meu lado da cama, pude pular nos braços dele.
Ao experimentar minha nova lingerie vermelha, fechei a janela o colocando na cama, fingi que dançava alguma música lenta sem música e pulei na cama em cima dele. Ele me tocou como da primeira vez, já fazia tanto tempo que nós não tínhamos um momento como aquele veio em minha direção com beijos e amasso. Deitei-me na cama virando-me, ele massageou meu corpo tirando minha lingerie, meu sorriso voltou a brilhar em pleno dia chuvoso, ele me amou com mãos macias e óleo no corpo, me ensinou o toque de amor e voltou a ser meu amante despercebido. Seu cheiro de homem sedento, sua pele tocando a minha me fez delirar, pois só o que eu queria era ter o romantismo no ar novamente e saber que meu esposo estava voltando a ser o que era antes, o amor da minha vida o pai brincalhão de três meninas, meu namorado á dezoito anos atrás.Neblina
Queria conhecer a neve que na TV brilhava, para mim era tudo muito novo e longe demais. Onde me encontro e deparo todos os dias tem sol radiante, soou a maior parte do tempo até mesmo quando estou parada sem me mover olhando para o nada distraída ou até quando estou sobre pressão do meu chefe. Hoje dirijo em direção a praia com meu namorado, mas é muito raro fazer isso, estou mesmo aproveitando as férias dele para me aproximar um pouco mais. Este ar quente me condena, pois prefiro o ar frio que o inverno nos presenteia, consigo sentir o cheiro da água salgada, isso significa que estamos quase chegando, mas ainda nenhuma palavra foi dita entre nós, ele está dormindo já algum tempo, não percebo nenhuma intimidade, nenhuma aproximação, o dia está lindo para nadar, tomar uma água de coco e deitar debaixo de um guarda sol enorme.
Depois de quase duas horas e meia dentro daquele carro, finalmente chegamos, tive que o empurrar com minha delicadeza para acordá-lo, mas ele nem se moveu, pensei até que estivesse morto, mas ele roncava, então seria impossível que estivesse partindo dessa pra uma melhor. Como eu estava de saco cheio de ficar calada e sem poder ouvir música por que a rádio não estava pegando direito, tive que ser malvada e monstruosamente rebelde. Peguei meu MP3 e meu fone no porta malas e o liguei em um Rock onde só se ouvia gritos e aumentei no ultimo volume colocando no ouvido do meu namorado. Coitado ele deu um pulo que conseguiu atingir o teto do carro com as mãos no peito me olhou feio. Eu desliguei o meu aparelho e o olhei com ar de quem quisesse fugir. Ele tirou o cinto de segurança e gritou comigo:
- por que você fez isso? É louca?
Eu já estava de saco cheio, de estar ao lado dele por estar, simplesmente sai do carro sem dar a mínima pra o que ele dizia e abri a porta malas novamente para pegar minha mochila gigante. Minhas pernas começaram a caminhar sem a minha consciência, ele saiu em seguida do carro e continuou a me ofender, não olhei para trás segui em frente com minha mochila nas costas e com o fone no ouvido, entrei na areia do mar e me esqueci dele desaparecendo de vista. Por sorte que lembrei-me de trazer comigo meus cartões de créditos, ao contrario teria que pedir esmolas. Deixei a minha mala na areia e tirei minha roupa ficando apenas com o biquíni laranja e branco, corri paro o mar dando um mergulho, sempre que lembrava dava uma olhadinha para ver se nenhuma trombadinha roubasse minhas coisas. Molhei meus cabelos um pouco mais, fiquei dentro da água até minha barriga roncar de fome, ao sair do mar, voltei a colocar minha mochila nas costas e perambulei até encontrar um lugar legal que aceitasse cartão. Cheguei a um restaurante meia boca e me sentei na primeira cadeira que vi, fui muito bem atendida por um chinês legal, por sorte não estava dentro de um restaurante chinês. Comi tudo que tinha direito, comprei até uma sobremesa, estava me preocupando com a noite, pois não teria onde ficar. Meu celular tocou umas quinhentas vezes, era o idiota do meu namorado, mas preferi ignorá-lo como ele sempre fazia comigo. Ao pagar a conta sai dali em direção á praia novamente, o dia estava lindo, mas era muito calor pra minha delicada pele morena rosa, me sentei na areia do mar, de repente fui surpreendida com um banho de suco gelado no meu corpo, eu apenas me levantei tentando abrir meus olhos, o menino que aparentava ter uns nove anos me implorou desculpas, enquanto eu me limpava, veio um moço em minha direção gritando com o menino, eu o olhei distraída e pedi que parasse de gritar:
- para com isso, foi sem querer...
Eu terminei de me limpar com uma blusinha que havia pegado na minha mochila, o moço me olhou totalmente descontrolado:
- me perdoa, ele não sabe fazer nada direito. O que eu posso fazer para melhorar a sua situação?
- nada, agradeço...
Eu sai andando com minhas coisas nas mãos, mas ele parecia grude, pois me acompanhou se sentindo culpado demais:
- por favor, pare de andar e me diga em que posso te ajudar?
Eu parei de andar e o fitei com raiva:
- quer mesmo me ajudar? Então pare de me paquerar, caia fora sei que não foi culpa de ninguém o que aconteceu...
Enfim o homem charmoso parou de andar atrás de mim e eu arranquei minha roupa deixando-a na areia e dei outro mergulho, estava grudando todo o corpo meu cabelo ficou cheirando maracujá com limão. Fui novamente caminhar clarear minhas idéias, algo me perturbava, não tinha aonde dormir, queria sair daquele sol ardente e procurar um lugar para descansar, me deitei em um cantinho onde se ouvia de leve as ondas baterem nas pedras e adormeci ali substituindo a realidade por um sonho. Meus pensamentos queriam me levar para perto do amor, mas me distanciei, por não acreditar mais, me iludir, seria só o começo. Ao chegar à noite fui a um banco próximo dali tirei certa quantia em dinheiro e peguei um táxi em direção à rodovia, de repente o inexplicável aconteceu vi um amigo que há muitos anos não o via, ele quem me reconheceu me cumprimentado com beijos em meu rosto. Vi que o tempo estava mudando, que precisava me agasalhar, ele viu minha aflição, minhas mãos tocando meus braços sem parar, ele me doou uma blusa sua sem que eu tivesse que pedir. Tivemos que esperar o ônibus sair, enquanto ele carregava sua mala eu tentava carregar a minha mochila pesada. Nós sentamos em um banco, Marcos me olhou com olhar cansado:
- que bom que eu te encontrei aqui...
Realmente foi muito bom ter com quem conversar e dar risada em meia noite fria. Em seguida que o ônibus chegou pudemos entrar, uma frente fria estava chegando depressa pude até ver a neblina enquanto o ônibus saia em direção á nossa casa. Ele se sentou ao meu lado jogamos alguns assuntos fora, logo ele caiu em um sono profundo se deitando em meu ombro fino e pele ressecada, pois a blusa que ele me emprestará estava caindo lentamente mostrando meu ombro frágil. O amor bateu a minha porta, se for apenas uma atração física não saberei recuar.
Dama da noite
Todo Ser Humano necessita de outro Ser, pois aprendi que ambos não vivem na solidão ou pela solidão, imagino que minhas tristes perguntas nunca tenham as respostas que sempre procurei, talvez nem exista a razão ou a pura verdade, mas quero me encontrar e aprender todos os dias com minha frágil memória de menina. A tarde vem ganhando seu espaço sombrio e quente, meu olhar em direção pro nada em uma janela empoeirada acompanhada com alguns insetos. Carrego dentro de mim algumas magoas, deve ser isso que me mata a cada segundo do meu novo respirar. Achava que a vida trazia junto de si a eternidade, mas me enganei, procurei sempre a riqueza temporária o julgamento final, que hoje me deparo com o desespero, por querer viver e não poder. Afastei de mim o homem que me trazia flores de madrugada e me beija com um ritmo encantador, joguei pela janela do meu quarto a menina feliz e mandei embora junto dela um recado do meu amor.
‘ Não se deixe contaminar, não fuja de mim, venha ao meu encontro minha linda’.
Sei que isso foi dolorido para meu pobre coração, mas não fui ao encontro dele, disfarcei o máximo para a minha avó não perceber minha tristeza, ela me rodeava na cozinha com perguntas que eu mesma não sabia responder, então agia como se tudo estava em seu perfeito lugar, como se nada estivesse acontecido. Bati a porta do meu quarto e terminei de beber o chocolate quente colocando a caneca em cima do criado-mudo. Aproximei-me da janela novamente e me sentei ali olhando para fora, o ar estava muito abafado, percebi que iria chover mais tarde, tirei meu suéter e o joguei no chão do quarto e continuei a me distrair com o movimentar das árvores, uma folha caiu de umas delas e veio direto em minha direção, como se aquilo tivesse vida, como se fosse um recado do meu amor. Eu a peguei e me lembrei da frase ‘ não cai uma folha da árvore se não for da vontade de Deus’. Pensei no que minha lembrança me trazia, voltei a olhar a folha caída no vão da minha janela, mas a minha fraqueza me colocou no meu devido lugar me afastando de qualquer esperança. Fechei a minha janela e voltei a me deitar na cama de solteiro, a chuva começou de leve levando um pouco o calor e deixando sua umidade, eu me cobri e fiquei a assistir a apresentação de cada gota que caia do céu azul.
Fiquei ali deitada por horas acompanhando o vento frio e o terminar da chuva fraca. Minha avó me chamou para jantar, mas não tive forças o suficiente para declarar guerra, não queria me mover, deixaria a doença me levar sem olhar para trás, sem me defender. Tirei alguns fios da minha cabeça, sim era o veneno da minha doença que me contaminava sem que eu percebesse, minhas pernas já não se afirmavam tanto no chão como antigamente quando subia em árvores apenas com alguns segundos, meus cabelos estavam caindo como as folhas caiam das árvores. Meu suor deixava-me aflita e angustiada, me afastei de todos para que ninguém presenciasse a vaidosa do meu ‘Eu’ sendo atacada por uma doença inevitável, não poderia deixar essa imagem para as pessoas, muito menos me atirar janela á baixo só pra sentir o gostinho da morte mais rápido. Algumas lágrimas invadiram meu mundo, senti que aquilo era o fim, não chorar me faria forte, mas deixei o titulo de frágil.
Minha avó voltou a me perturbar, mas agora batendo em minha porta, ela trazia com sigo um recado:
- não quer jantar tudo bem, mas o Rafa esta aqui, o deixei entrar.
Meu grito fazia eco:
- nãoooooooooo...
Tive sorte da porta do meu quarto estar trancada, mas se eu o conhecesse bem, ele faria tudo para me tirar dali. Cobri o rosto com meu lençol tentando me esconder, mas foi em vão, pois ele arrombou a minha porta de madeira em dois segundos e tirou o lençol do meu rosto:
- por favor, Miline venha comigo...
Minhas lágrimas se derramavam em meu rosto assim como a chuva que se lamenta em pleno dia. Ele me pegou em seus braços carregando-me para fora daquela casa, o ar era vazio assim como minha alma, Fechei meus olhos enquanto ele me levava para um lugar vazio, sem ninguém. Ele me deixou em um jardim imenso e me colocou sentada na grama:
- nós nos veremos apenas de noite então, sem pessoas ao redor, apenas nós dois...
Isso com certeza não foi uma pergunta, mas sim uma intimação. Ele tirou uma mochila de suas costas e me ofereceu uma maçã, eu a devorei em alguns segundos acompanhado com um simples sorriso. Rafa se sentou comigo e me cobriu a perna com um lençol azul, tocou minhas costas me abraçando de lado, seu sussurro:
- Se ficar longe de mim, jamais saberei por quem me apaixonei...
Meu murmuro descontrolado:
- mas terá uma imagem da bela adormecida, se transformando em bruxa, é isso que quer?
Seu sorriso era doce e tranqüilo:
- permaneço te amando...
A noite estava linda o céu estava limpo, sem nuvens apenas com a luz da lua e o brilhar das estrelas. Senti bem devagar um cheiro gostoso, era o perfume que inundava todo jardim, o perfume de uma Flor a dama da noite.
Vice-Versa
Por que toda lembrança de menina acaba com romantismo? Podia me perguntar isso todos os dias, cada manhã, cada terminal que caia a noite, só pra te reencontrar em meus sonhos, diversos sonhos com você, ao seu lado. Tive medo no colégio de não ser boa o suficiente para me enroscar em teus braços, mas superei isso, na verdade foi uma fase, não muito agradável, onde tinha que expor meus sentimentos e deixar que os seus valorizassem os meus. Estive pensando que os contos de fadas terminam sempre com um final feliz, o meu foi muito diferente do que imaginei, não pensei que acabaria assim, uma morte, um homicídio, seqüelas e lágrimas. Vou ao seu encontro quase todos os dias, gostaria muito de ir te visitar no cemitério, mas tenho pavor, então coloco o vestido vermelho que você mais gostava, o perfume que deu inicio ao nosso amor, eu sai do portão da minha casa com as lembranças e esperança de um dia te encontrar novamente.
Caminho três metros até me aproximar da calçada onde te esperava para namorarmos. Olho para o escadão cheio de flores e não te vejo lá, nem seu sorriso brilha mais, não vejo sua face diante da minha, então me desespero, deixo rolar minhas antigas lágrimas e alguns suspiros de dor interno e mental. Sei que não adianta te procurar onde jamais o verei ali descendo todo descontraído com traços de felicidades ao meu encontro, grudado em meus lábios, dividindo os mesmos sonhos e atitudes, não consigo esquecer e nem apagar todo fogo que ainda arde em mim. Ao voltar para minha casa, subo a minha laje e despercebida choro um pouco mais, me contraio para perto das boas lembranças, vai ser difícil me acostumar á viver sem você, sem seu cheio de menino brincalhão e seus olhos arregalados dizendo ainda no silencio da noite que me ama. É difícil aceitar algo que me destrói. Seguro minhas pernas em meio a distancia da realidade e me lembro do ultimo beijo, do ultimo toque de um adeus incompleto:
- brilha em mim, minha estrelinha, anda canta pra mim...
Ele acreditava que eu fosse uma estrela fujona e que o encontrou em meio distúrbio, talvez isso fosse à maior verdade de todas as nossas vidas. Eu gaguejei, mas tive que mandar embora a timidez e rebolar, o olhei penetrando a alma e cantei antes que ele partisse para Belo Horizonte, a música era a mais conhecida do papas da língua, mas meu tom era desconhecido e desafinado, mas seu sorriso permaneceu a me aplaudir. Vi de longe a fila no aeroporto diminuir, fiquei angustiada um tanto tremula, ele me beijou deliciando sua língua na minha com caricias envolventes, sussurrando bem de leve em meu ouvido:
- quando voltar, vou me casar com você... Amo você.
Minha boca não fez nenhum movimento, meu coração acelerou de repente eu murmurei suplicando rapidamente antes que a fila viesse a diminuir ainda mais:
- não vá, fique comigo...
Foi tudo em vão, sua decisão já estava tomada era o meu alicerce que estava indo embora e não notei, deixei a emoção falar mais alto. Simplesmente trocamos caricias, beijos e um adeus destruidor, mas nada restou, a não serem minhas lamentações. Meu pai se levantou do banco onde me esperava e me arrancou dos braços dele, foi só o que vi seu doce olhar me reconstruindo. Voltar para a realidade nem sempre foi meu forte, mas tive que fazer. Essas palavras estão sendo jogadas no vento, espero que chegue ao seu coração amor, por que nada mais me resta á desejar ir ao seu encontro, e vice-versa, devo deixar minha alma voar livre com a sua, pois já não consigo viver sem você, sem o seu encanto sem o seu regozijo á me guiar em plena escuridão. Sei que está em algum lugar, sinto um arrepio muito forte quando penso nisso, me encorajo para viver plenamente o nosso momento, posso decifrar toda essa angustia em homenagem ao meu amor, talvez nada fosse tão doloroso se não pudesse desabafar. Ainda corro para o mar e lembro-me dos nossos passos deixados ali, vou tirar uma foto de recordação para finalizar nosso álbum de recordação. Escreverei para ti sempre e jogarei no mar, minhas palavras.
Vinculo
Olhar para o nada e admirar o que não se conhece é um fato descritível. Imaginei-me fazendo a segunda escolha, ir embora e não olhar para trás, fugir de um sonho que pensei amar. Se eu fosse nessa segunda opção, jamais saberia viver plenamente. Ao olhar para seus olhos cheios de lágrimas e arrependimentos, percebi que ele me queria ao seu lado que eu era a fonte de vida dele, meu querido Marcelo Nunes cebo, sim ele é um jornalista de caráter, um homem com uma índole maravilhosa, mas era meu amante que me forjava o doce romantismo. Ele não gosta do jeito que o defino, talvez a palavra amante seja muito ousada e indiscreta, mas só o vejo assim, dessa forma como meu companheiro despercebido me arrancando dos braços de um homem de cadeira de roda.
A minha escolha não foi fácil, me separei do meu filho de sete anos, pois ele quis ficar com o pai, não tiro a razão dele, eu faria o mesmo se estivesse na situação constrangedora. Roberto meu ex-marido fez cara de quem não compreendia a separação, então fiz cara de quem não suportava a companhia dele, ele me rodeou com suas rodas macias me deixando um tanto tonta:
- tem certeza, que quer assinar isso? Será o fim...
A certeza nem sempre diz tudo, meus pés fugiriam dali sem que percebesse, mas tentei ser compreensiva:
- Roberto não venha me falar se tenho certeza de algo que já fiz, é tarde para qualquer decisão, pois já lancei o meu futuro...
Fui impiedosa sei disso, mas nada poderia me fazer retroceder, peguei os papéis de suas mãos suadas e assinei na presença do meu advogado e sai daquela sala assim que ele também assinou. Meu filho Daniel me olhou com tristeza me rejeitando, ele não quis os meus abraços e nem me beijou o rosto. Eu olhei por trás do ombro percebendo que tinha acabado de perder minha família para ir em busca de um amor fragilizado. Meu coração gelou acelerando, Roberto continuou abraçado com meu menino, enquanto meus pés me levavam para fora dali. Eu tinha que pegar o avião em uma hora, sabia que estava atrasada, mas me neguei sair às pressas. Entrei em meu carro e dirigi em direção a uma praça, liguei o alarme ao sair e me sentei de baixo de uma árvore enorme toda florida.
Olhei ao meu redor e vi crianças brincando no pátio, na grama com sorrisos estampados em seus rostos. Mas percebi que meu coração não sorria, estava entristecido, por acreditar nas decisões da vida, por saber que eu fiz decisões sem ao menos ouvir algum conselho. Fiz-me de vitima aprisionada ao passado e sem saída, queria poder ficar com meu menino, fazer toda manhã chocolate quente e preparar algumas panquecas, mas estava jogando a sorte no ar. Um senhor de cabelos grisalhos se acomodou ao meu lado, isso me deixou um pouco desconfortável, mas ele puxou conversa, quis me presentear com suas experiências:
- sabe não te conheço, mas sei que todos os seres humanos precisam de conselhos, eu apenas digo, não faça nada que seu coração já tenha se arrependido, assim fica mais fácil de encarar qualquer dúvida.
Ele se levantou e saiu andando em direção ao portão principal da praça. Eu fiquei o olhando sair de perto de mim, era um sábio senhor que falou ao meu coração, sai dali em retirada fui para casa. Já estava escurecendo quando cheguei e me deparei com a rua vazia e úmida. Virei à esquina e entrei em minha casa, Roberto veio em minha direção segurando um copo d’água:
- o que faz aqui? Não deveria estar no aeroporto?
Eu sorri discretamente para disfarçar minhas dúvidas:
- eu voltei para meu lar, para a minha casa, por não ter certezas do futuro e nem do estranho que entraria em minha vida...
Ele sorriu para mim segurou minha mão e a beijou de leve, em seguida deu um grito de alegria para chamar meu filho, ele veio em minha direção como um foguete e me abraçou e beijou meu rosto questionando-me:
- você não estava indo embora mãe?
Eu o apertei ainda mais sussurrando em seu ouvido:
- jamais te deixaria...
Se algum dia eu tivesse o perdão de Marcelo, não me importava, mas naquele instante queria o perdão de Roberto que tanto lutou ao meu lado e sempre demonstrou seu amor. Aprender com a segunda chance é ainda mais doloroso, mas superar os desafios se tornou parte de mim. Meu menino me deu outro beijo e saiu correndo para seu quarto, enquanto Roberto se aproximou da lareira e a acendeu aquecendo-o, me aproximei dele jogando a chave do carro no sofá e me sentei no chão observando o movimentar das chamas, Roberto encarou aquela situação como arrependimento; Eu como vinculo entre mãe e filho. Talvez algum dia eu o ame, assim como esse mesmo fogo arde nos aquecendo na sala, alguma paixão pode existir.
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